Pego o metrô todos os dias para ir e voltar do trabalho. Fico cerca de meia hora dentro do vagão. Faço isso há algum tempo e há cerca de dois anos, andar de metrô era uma coisa até agradável, mas de uns tempos para cá, a viagem se tornou um verdadeiro inferno, com vagões sempre cheios e a cada dia com pessoas mais mal educadas.
Dificuldades a parte, as minhas viagens pelo metrô me trouxe um hábito que não tinha até então. É que aprendi a participar da leitura dos outros. Isso mesmo, não posso ver alguém lendo jornal, livro, revista ou até mesmo apostilas escolares. Basta que alguém chegue perto de mim com um papel na mão para que eu me interesse pelo que está escrito.
Além do hábito, ser muito feio, também é muito engraçado. É mais ou menos assim: a pessoa se senta perto de mim com um jornal na mão e eu já me viro totalmente para ler o jornal alheio, quando ela percebe a minha intenção, ela vira para o outro lado e faz de tudo para que eu não veja o jornal. Em contrapartida, eu também faço de tudo para continuar lendo, sssrrsrsrsrsrsrs. É muito engraçado.
Muitos amigos já me chamaram atenção e dizem para eu comprar um jornal antes de entrar na estação, mas não me emendo, o gostoso mesmo é ler o jornal dos outros.
Há também aquelas pessoas que nem ligam e me deixam ler tudo. Outro dia li quase um capítulo de um romance muito meloso e a moçinha estava muito doente quase a beira da morte. Mas o metrô chegou na minha estação, antes do dono do livro virar a página e fiquei muito curiosa tentando saber se a mocinha morreu ou não.
Não faço nenhuma seleção, leio tudo que aparece, por isso leio o Super Notícia todos os dias, já li umas três folhas de um livro espírita da Zibia Gasparetto, era muito bom, mas não deu para continuar. Dias atraz eu li uma receita de remédio, muito complicado, não deu nem para saber para que ele servia. E assim vou eu, aproveitando as minhas horas perdidas no metrô para colocar a leitura em dia, mas só com os livros dos outros.
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