A Secretaria Municipal de
Cultura e da Fundação Municipal de Cultura divulgou os dez espetáculos mineiros
selecionados para a mostra local da 14ª edição do Festival Internacional de
Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH). Foram recebidas 178 inscrições
de grupos e artistas de todo o estado. O FIT-BH acontece de 13 a 23 de setembro
em diversos espaços da capital.
Os trabalhos escolhidos foram: Rua das Camélias(Cia. Vórtica de Teatro), Two
Ladies (Oh Ladies! Group), Peixes (Ana Régis), Espécie (Igor Leal – Beijo no
seu Preconceito), Fuck her (Ludmilla Ramalho), Deformação (Priscila Rezende), A
Jagunça (Insólita Companhia), O Grito do Outro – O Grito Meu! (Cia. Espaço
Preto), Sublime Travessia (Dudude) e A Santa do Capital (Cóccix Companhia
Teatral).
A seleção foi feita por comissão
paritária formada por membros da sociedade civil e do poder público.
Representaram a sociedade civil Anderson Feliciano, Carolina Braga, Antônio
Carlos Ferreira e Ângelo César Fernandes. Pela administração pública, Fernanda
Álvares Vidigal, Graziella de Souza Pereira, Márcio Emmanuel de Oliveira Moraes
e Roza Maria Oliveira. A comissão assistiu aos espetáculos em vídeo. O processo
seletivo recebeu o suporte do Instituto Periférico, organização da sociedade
civil selecionada por meio de chamamento público e, que nesta edição, assina a
correalização do festival, ao lado da Fundação Municipal de Cultura e da
Secretaria Municipal de Cultura.
O conceito Corpos-dialetos
permeia toda a programação do FIT-BH, da mostra nacional à internacional,
passando também pela mostra local. O conceito revela teatro brasileiro
contemporâneo, estruturado nas matrizes africanas e marcado por debates
estético-políticos sobre questões de gênero e étnico-raciais.
Conheça os
escolhidos
A jagunça - Insólita Companhia: Zinha nasceu
num fim de mundo do sertão mineiro, onde seu marido e filho são assassinados.
Ao perder o companheiro, ela se resigna, mas, ao perder o filho, ela abre o
corpo para Deus e o Diabo dizendo precisar da força dos dois para vingar
sentença. Um só seria pouco. Certa de ter sido revestida de poder superior ela
fecha seu corpo, vinga a morte dos seus e fazendo do sertão, sua nova morada. A
fama de seu feito se espalha e Zinha passa a ser conhecida como A Jagunça.
Fuck Her - Ludmilla Ramalho: O corpo da performer, nu e estendido no chão,
é coberto por ração e quarenta pintinhos o percorre bicando para se alimentar.
A fúria do termo inglês, no entanto, é desarticulada pelo jogo com o termo
"pinto" que designa, em português, tanto o falo masculino quanto o
singelo filhote da galinha, que descobrimos ser o verdadeiro agente do consumo
do corpo feminino.
Sublime Travessia – Dudude: Evangelista um
nordestino, sonha com uma linda donzela presa no quarto de sua casa. Em busca
do sonho, Evangelista resolver viajar e tentar encontrar a moça dos seus
sonhos. Quando chega à Cidade do Labino, o aventureiro descobre a existência de
uma moça que é mantida pelo seu pai um poderoso conde, trancafiada no quarto e
podendo aparecer na janela uma vez por ano durante uma hora.
O Grito do Outro - O
Grito Meu! - Cia.
Espaço Preto: Onde estão os negros? Você os vê? Você os ouve? Quem é negro?
Vozes que ecoam, gestos que se completam, histórias que se misturam.
A Santa do Capital- Cóccix Companhia Teatral: A
Santa do Capital ocupa/ressignifica espaços urbanos, permitindo ao público uma
surpresa sensorial e narrativa a cada cena. A peça aborda mascaramentos e
totens humanos, metamorfoseados, transfigurados, nos elementos da carne, da
fome, da fé, do Capital. Aquele que se sobrepõem aos miseráveis. Aquele que nos
permite pensar a Santa no caos da especulação financeira de tempos. Quantas
vozes dialéticas esta Santa ressalta? Qual Santa nos alimenta? A serviço de
quem ela propaga sua, nossa voz?
Rua das Camélias - Cia. Vórtica de Teatro: Uma rua.
Um lugar da cidade. Rua das Camélias ocupa um hotel de ‘alta rotatividade’ e
procura revelar um pouco da vida que existe atrás do mito. O que é real? O que
é fantasia? Quem foi Hilda Furacão? Quem são as mulheres que hoje alugam os
quartos destes hotéis? O que procuram? O que isso tem a ver com cada um de nós?
Two Ladies - Oh Ladies! Group: Uma pequena sugestão de espanto-antitédio para
senhoras e donas de casa. Two Ladies é uma jornada de mulheres em trânsito
dividida em três atos: “Two Ladies Golfers”, “Academia de Malvadas” e “Donas
das Divinas Tetas”. Trata-se da saga de duas mulheres superlativas em constante
mutação, que vão de um comportamento frívolo e submisso, ao empoderamento e
autonomia de seus corpos. Como numa saga épica, elas passam por três momentos
importantes da descoberta do seu feminino.
Peixes - Ana Régis: Em uma consulta médica, em manicômio judiciário,
Cláudia, de 47 anos, professora, revela as histórias que viveu, numa narrativa
fragmentada como seu pensamento. Ela conta como quebrou a ordem das coisas e se
libertou do ciclo de violência do qual fazia parte. Cláudia não é uma
estatística. Cláudia é uma consequência social. Peixes é um espetáculo poético
e forte, cuja dramaturgia contém relatos reais de mulheres violentadas.
Espécie - Igor Leal - Beijo no seu preconceito: "Desejo para você -
para nós - fúria criativa para continuarmos a devorar o mundo. E que o resto
seja amor”. Espécie é um trabalho híbrido que caminha pelo teatro,
performance e instalação com perspectiva queer e pós-pornô. Uma experiência que
usa das sexualidades como via de expressão artística, ampliando noções de vida
e prazer para transcender categorias sociais de sexo e amor.
Deformação - Priscila Rezende: Deformação busca expor um conflito comumente
enfrentado por mulheres negras e à margem do padrão estético imposto por nosso
meio social, que se vê segregada, menosprezada e não representada em nossos
meios midiáticos e até mesmo em ambientes de convívio diário, muitas vezes não
figurando como referências de "boa aparência" e "beleza",
tornando claras e concretas as feridas incutidas na autoestima desta mulher.