quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Iphan divulgará estudo sobre bens do patrimônio ferroviário de Minas





Um estudo realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ao longo dos  últimos dois anos estará disponível em 15 dias, no site do órgao, e apontará,  pelo menos, 100 bens imóveis do patrimônio ferroviário mineiro tidos como de valor cultural.

Em breve, outros cerca de 60 serão incluídos no estudo e deverão merecer atenção para fins de recuperação e preservação pelas prefeituras e possíveis parceiros, conforme anunciado na quinta-feira (20) pela superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino.
Inventariado entre 2007 e 2009, o acervo ferroviário em Minas engloba 1.580 estações e mais de três mil bens imóveis, como telégrafos, sinos, bancos e outros. Muitos desses bens, da antiga Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), foram posteriormente repassados ao Iphan, e agora esses mais de três mil objetos levantados deverão ser distribuídos pelos cerca de 160 imóveis valorados no Estado e que constam do estudo a ser divulgado.
Quanto ao estudo, Célia explicou que tratam-se de bens imóveis já valorados pelo órgão, ou seja, que tiveram atribuído a eles valor cultural. Diferente do tombamento, o procedimento de valoração é quando ocorre declaração de bens como sendo um patrimônio nacional, podendo posteriormente serem tombados, se for o caso.
A valoração aplica-se, exclusivamente, àqueles bens da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e, segundo Célia, era um trabalho feito anteriormente por solicitação de prefeitos interessados no acervo.
Atualmente, o processo é outro. Conforme a superintendente do Iphan-MG, muitas vezes o interesse de determinado gestor se perdia com as mudanças políticas nas administrações municipais, levando o Iphan a inverter a lógica. Passou-se a valorar esses bens independentemente de solicitações, divulgando-os como patrimônio nacional para possíveis interessados em mantê-los.
Projeto Salas de Memória deve ocupar estações
Segundo a superintendente do Iphan em Minas, parte desse conjunto que se pretende distribuir está hoje em museus ferroviários como os de Juiz de Fora (Zona da Mata) e São João del-Rei (Central). Com as Salas de Memória, espera-se preservar e difundir o patrimônio ferroviário em um Estado marcado pela memória cultural e afetiva em torno do trem, conforme explicou Célia.

A superintendente do Iphan criticou, por outro lado, o modelo atual de parceiras público-privadas (PPPs) para a área de museus, aí incluídos os ferroviários. Segundo afirmou, eles só funcionam quando o Estado entra com recursos para toda a manutenção, o que acaba por inviabilizar essas PPPs. “Temos que pensar numa parceria em que o poder público entre com os ativos, como o prédio e o acervo, e o privado fique com a gestão”, defendeu.
Como exemplo, citou que a Prefeitura de Além Paraíba (Zona da Mata) manifestou o interesse de recuperar e preservar a rotunda existente no município, devendo o Iphan apoiar a iniciativa e a busca de parcerias. “Isso é o mais importante”, frisou.
Também questionada pelo presidente da comissão da ALMG sobre a possibilidade de retomada do transporte de passageiros nesse contexto, Célia Corsino não descartou a possibilidade de as linhas existentes virem a ser recuperadas para essa finalidade em Minas, como também defendido por representantes de entidades e organizações presentes.
“Mas é preciso pensar em quanto custa uma linha. Temos vontade, mas não temos os instrumentos ou os recursos necessários”, pontuou, manifestando preocupação sobretudo com a segurança do passageiro e com a necessidade de um leito bem conservado. Para Célia, ainda é necessário aprofundar estudos acerca da ferrovia enquanto modal de transporte.
Durante a reunião, representantes de organizações como a ONG Trem e de entidades como a Sociedade Mineira de Engenheiros expuseram a situação de abandono e dilapidação do patrimônio ferroviário em vários municípios, a exemplo de Teixeiras (Zona da Mata), onde a prefeitura estaria retirando irregularmente linhas e dormentes de ferrovia do município.
Nesse sentido, foi defendido que os comandos das Polícias Militar e Civil instruam seus policiais a como atuar nesses casos, com base em documento do Ministério Público relacionado à proteção do patrimônio ferroviário.
(Fonte Portal bhaz.com.br)

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